terça-feira, julho 25

eu amava meus pintos.

Consegui lembrar de onde vem o meu medo (TÃO significativo) de galinhas:

Quando eu tinha 4 ou 5 anos eu ganhei um pinto rosa choque e outro verde limão. Eles passaram a ser os meus dois filhos. Dava comida, colocava no berço, agasalhava, dançava pra eles, cantava, dava água e tudo o mais que se possa imaginar no que diz respeito a cuidar e agradar um ser amado.
Na minha cabeça, eu era a única pessoa do mundo inteiro a ter dois pintos daquelas cores e isso me deixava estupidamente feliz e orgulhosa.
Como eu estava muito apegada e temendo que eu contraísse, por causa deles, alguma doença, mamãe colocou-os dentro do viveiro de passarinhos pois assim os 03 cachorros, que antes eram meus filhinhos, não comeriam o "verdinho" e o "rosinho" (claro que eu não chamaria de rosinha o meu pinto macho).
Sofri feito recém casada que vê o amado com outra na hora do ato. Passava o dia inteiro indo visitá-los e imaginando que daqui uns dias eles dariam cria e eu teria infinitos pintinhos coloridos (eu tinha certeza de que as cores viriam feito sorteio. nasceria um azul, outro branco, outro lilás...). Era uma imagem tão linda, mas tão linda que eu não me continha.
Não sei por qual motivo eu passei uns dias sem ir vê-los. Não lembro se foi por viajar ou se foi, simplesmente, o esquecimento provocado pela ausência.
Eis que um belo dia minha mãe diz:
-Carolzinha, você nunca mais foi visitar seus filhinhos. Eles cresceram tanto.
Corri tanto que pareci ter criado asas. Como minha casa era grande e tinha um terreno maior ainda, desses que não se encontra numa capital a menos que se tenha muito, mas muito dinheiro, parecia que não chegaria nunca ao destino...
Era melhor nem ter chegado.
Ao ver Verdinho e Rosinho, eles eram dois galos feitos. Por causa da troca de penas - natural do crescimento - óbvio, que eles não estavam mais coloridos. Um tinha tons marrom e outro mais acizentado. Eram dois verdadeiros monstros. Lembro-me de ter dado dois passos pra trás e chorado feito noiva abandonada no altar e com o agravante de não saber por qual motivo já que tudo era um sonho tão colorido.
Minha mãe tentou me consolar como quem consolava um adulto. Jamais direi pra ela que frases como aquelas não devem ser ditas nunca pra uma criança: -Eles cresceram, meu amor.
(crescer é virar monstro?).


Acho que uns dias depois comi Verdinho e Rosinho mas depois daí nunca mais quis papo com galinhas. Quanto maior fiquei, mais repudiava qualquer tipo de ave. Morro de medo, não adianta. Quando vou pro interior do meu pai, ando feito soldado em guerra olhando pra todo canto.

3 comentários:

Anônimo disse...

kakakakaka
De pinto pra monstro é uma viagem e tanto...
AMO!

Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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